Coordenador : Mariana Bruce Ganem Baptista
Ano: 2024
Edital: Edital Bolsa de Extensão 2024
Protocolo: 401663.2258.377143.05022024
Departamento/Setor: GHT
Área Temática : Direitos Humanos e Justiça
Tipo: Projeto
Publico Alvo : em primeiro lugar, minha inserção enquanto docente e colaboradora da TeiaZO causa um impacto direto em todo o universo de graduandos que se apresentam nas disciplinas, orientações e grupos de pesquisa ministrados por mim uma vez que minhas perspectivas de mundo são moldadas desde uma potente Ecologia de Saberes propiciada pelo contato orgânico com as mulheres negras organizadas da Zona Oeste do Rio de Janeiro; deste modo, cada estudante que participa desses espaços pode, por sua vez, impactar dezenas de outros estudantes indiretamente; viabilizar a participação direta de um ou dois graduandos nesse ambiente de formação protagonizado pela TeiaZO também traz impactos significativos para o universo acadêmico de forma geral uma vez que a vida de cada estudante será tocada e transformada pelas suas vivências de campo e reflexões derivadas dessa experiência; do ponto de vista do grupo comunitário, a nossa contribuição enquanto docente e estudantes universitários na produção de materiais de comunicação, arquivos, registros de História Oral de suas integrantes e das práticas desenvolvidas pelo grupo impacta diretamente as cerca de 70 mulheres envolvidas na organização e, indiretamente, dezenas de outras que estão no raio de incidência da TeiaZO porque são ações que podem vir a fortalecer e consolidar organicamente o movimento, conferindo-lhe maior visibilidade e expressividade.
Local de atuação: Zona Oeste do Rio de Janeiro - Bosque dos Caboclos (Campo Grande), Quilombo Dona Bilina (Campo Grande); Piracema (Santa Cruz); Saquassu (Urucânia); Shangri-la e Camorim (Jacarepaguá); Recanto do Ipiranga (Sepetiba); Vargens (Comunidades de Cascatinha, Santa Luzia), Jardim das Ervas Sagradas (Guaratiba)
Objetivo
- Promover uma Ecologia de Saberes entre universidade e grupo comunitário. - Auxiliar na produção de arquivo sobre o movimento: organizar google drive com atas, fotos, documentos, entrevistas, materiais publicados, projetos submetidos, bibliografia etc. - Elaborar material de comunicação com informações sobre as ações promovidas e suas integrantes. - Percorrer os distintos territórios que compõem a Teia de Solidariedade da Zona Oeste e realizar um estudo observando semelhanças, diferenças, complementaridades. - Realizar um ciclo de entrevistas de História Oral com as participantes da TeiaZO. - Participar e colaborar com os espaços de formação e militância redigindo atas, pequenos artigos/ensaios com reflexões sobre os eventos testemunhados. - Expressar pareceres pessoais e analíticos experimentando distintas modalidades da escrita - Analisar a construção de discursos e práticas que partem de um parâmetro racializado da sociedade.
Resumo
A socióloga aymara boliviana Silvia Rivera Cusicanqui chama atenção para a potência das atuações territoriais e comunitárias que ocorrem bajo el radar político. Em muitos casos, são articulações tecidas por mulheres protagonistas em seus territórios e que possuem uma incidência política invisibilizada. A Teia de Solidariedade da Zona Oeste é uma destas organizações. Foi consolidada em março de 2020 como resposta ao desencadeamento da pandemia, com o propósito de mitigar a fome nos territórios, priorizando as famílias chefiadas por mulheres negras, assim como de avançar na luta pela soberania alimentar e em defesa da agricultura urbana e agroecológica que ocorre no maciço da Pedra Branca e nos quintais produtivos da Zona Oeste. A TeiaZO é resultado de um trabalho comunitário desenvolvido por mulheres há muitos anos em torno da Coletiva Popular de Mulheres da Zona Oeste e de outras pequenas organizações locais que vêm semeando caminhos em direção ao Bem Viver como uma alternativa ancestral e potencializadora da transformação social. A proposta desse projeto de extensão é propiciar uma ecologia de saberes entre a Universidade e este Grupo Comunitário de modo a, de um lado, fortalecer as ações realizadas a nível local através da produção e organização de arquivo, documentação das práticas e saberes, realização de entrevistas de História Oral de suas participantes e o registro de suas experiências e, de outro, oxigenar o ambiente acadêmico com os aportes teóricos, metodológicos, epistemológicos e ontológicos oriundos dessa encruzilhada que reverbera a caoticidade diaspórica de sujeitas negras que re-existiram à lógica colonial.