Coordenador : Domingos Barros Nobre
Ano: 2024
Edital: Edital Bolsa de Extensão 2024
Protocolo: 400319.2258.85247.20022024
Departamento/Setor: DED
Área Temática : Educação
Tipo: Programa
Publico Alvo : O Programa já atende a 873 estudantes e 96 professores, sendo: I- Estudantes: a- 157 alunos dos Quilombos do Campinho e do Cabral (SME de Paraty); b- 605 alunos caiçaras da Zona Costeira (SME de Paraty); c- 100 alunos das Escolas das comunidades Caiçaras na Ilha Grande – Angra dos Reis/RJ (Vila do Abraão – SEEDUC); d- 07 alunos de Graduação da UFF/IEAR; e- 03 Alunos de pós-graduação UFRJ e Univ. Cádiz (ES). Total de Estudantes: 873 II- Professores:: a. 28 profs. de Fund. I e II que atuam nos Quilombos (SME de Paraty); b. 24 profs. de Fund. I e II que atuam nas comunidades Caiçaras (SME de Paraty) c. 18 profs. que atuam nas Escolas Estaduais da Ilha Grande no Ensino Médio (SEEDUC-RJ); d. 10 profs. que frequentam o Grupo de Pesquisa (CNPQ): “Espaços Educativos e Diversidade Cultural” e. 7 profs. do IEAR/UFF, que atuam no Curso de Magistério Indígena. Total de Profs: 87
Local de atuação: UFF - IEAR
Objetivo
O objetivo é desenvolver 3 projetos de Formação de Professores em Educação Escolar Caiçara e Quilombola: 1- Projeto: Curso de Formação Continuada de Professores em Educação do Campo (Caiçaras) de Paraty - Fundamental II, em parceria com a SME de Paraty; 2- Projeto: Curso de Formação Continuada de Professores em Educação do Campo (Caiçaras) - Ensino Médio - Ilha Grande (Vila do Abraão), em parceria com SEEDUC-RJ; 3- Projeto: Curso de Formação Continuada de Professores em Educação Escolar Quilombola de Paraty - Fundamental I e II, em parceria com a SME de Paraty.O Programa acompanhará os três distintos Cursos aplicando a metodologia que vimos aprimorando nos últimos 8 anos (Nobre & Colaboradores, 2019) e que já é cadastrada no Catálogo de Tecnologias Sociais da UFF desde 2019. A metodologia adotada envolve diversas etapas e níveis de interação, não só no âmbito da escola, com os professores, mas na relação direta com as comunidades, com suas representações políticas constituídas (as Associações de Moradores, o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), o Poder Público (a Secretaria Municipal de Educação de Paraty, a SEEDUC-RJ e as coordenações pedagógicas destas Secretarias) e outras instituições parceiras diretamente envolvidas nos Cursos, reunidas nos Coletivos de Apoio à Educação Diferenciada de Angra dos Reis e Paraty. A implantação de um currículo interdisciplinar e diferenciado, por meio de metodologia de rede temática e da pedagogia de projetos, está sendo um desafio para os professores, que participam de um programa de formação continuada coordenado pelo IEAR/UFF, quando é elaborado coletivamente o planejamento e feito o acompanhamento das atividades realizadas. O trabalho pedagógico é dividido em duas etapas: estudo de uma nova visão das áreas (Etapa I) e elaboração de projetos pedagógicos baseados em rede temática com temas geradores extraídos do diagnóstico (Etapa II). A Etapa I, é constituída de seminários de estudo estruturados em torno de quatro eixos (Nobre, 2019), num processo voltado à construção uma nova visão das áreas, a partir de três estudos teóricos, descritos abaixo. 1-Estudo da Epistemologia de cada Disciplina/Área Conhecer a epistemologia da área/disciplina permite ao professor reconhecer o processo histórico social de construção da formação discursiva (Foucault, 1970) que estrutura o campo de conhecimento da disciplina contemporaneamente. 2-Estudo das Tendências Pedagógicas no ensino das áreas/disciplinas Conhecer as tendências pedagógicas que envolvem a área/disciplina, por sua vez, permite ao professor reconhecer elementos de sua prática pedagógica que se enquadrem ou não nas Pedagogias Liberais ou Progressistas que permeiam o ensino, e fazer opções numa perspectiva curricular autônoma e crítica. 3-Estudo dos Conceitos Integradores/Unificadores de cada Área Estudar os conceitos integradores de cada área/disciplina possibilita ao professor distinguir o rol de conhecimentos essenciais daquilo que são apenas conteúdos programáticos de uma grade curricular, portanto acessórios. Conceitos integradores são como a categoria marxista de totalidade no processo de produção dialético do conhecimento, para o Currículo. São macro-conceitos, supradisciplinares (Angotti, 1991), como um tipo de totalidade epistemológica de conhecimento, em cada área, que acompanham a trajetória de escolaridade do aluno da Educação Infantil à Universidade, constituindo-se no tipo essencial de conhecimento que deve ser construído no currículo, em oposição aos conteúdos escolares, restritos, fragmentados e culturalmente determinados. Não se confunde, portanto, com os conteúdos programáticos das listas de programas curriculares, mas sim são conceitos fundamentais que abarcam diversos outros derivados dele, que vão se complexificando à medida que o aluno avança nos estudos. São exemplos de conceitos unificadores: Espaço, Território e Territorialidades, para a Geografia; Tempo e Temporalidades, para a História; Transformações, Regularidades, Energia e Escala, para as Ciências; Admirar, Produzir e Refletir, em Artes; Ler, Escrever e Produzir Conhecimentos Linguísticos, em Língua Portuguesa, Língua Guarani (ou Língua Indígena) e Língua Estrangeira Moderna; Corpo, Lazer e Esporte, em Educação Física. Na Etapa II, ocorre a elaboração de projetos pedagógicos baseados em uma rede temática, uma metodologia que une a pedagogia de projetos (Hernández, 1998; 1998a) à pedagogia de rede temática/temas geradores (Freire, 1981). Nesta etapa, o primeiro passo é a elaboração de um Instrumento de Diagnóstico Sócio Cultural para a Rede Temática: um questionário sociocultural. Ele foi elaborado pela equipe (professores das escolas e da UFF), a partir de um levantamento feito junto com a comunidade sobre Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças ao projeto educativo da comunidade (técnica da FOFA). O segundo passo da Etapa II é o exercício de elaboração da rede temática a ser usada nos projetos pedagógicos interdisciplinares e coletivos. A rede é extraída dos termos e preocupações mais recorrentes nos questionários aplicados e na FOFA. É feito um levantamento de palavras-conceito com forte sentido para o mapa simbólico sócio-cultural da turma. E, assim, são escolhidos os temas geradores. Por fim, há um recorte de tema da rede (um Bloco Temático) para o planejamento de um projeto pedagógico, que pode ser mensal, bimestral ou semestral. Uma vez finalizada a rede temática, os professores iniciam a construção dos projetos pedagógicos, de duração variada entre 2 a 6 meses, com a produção de uma matriz de planejamento que organiza o bloco temático extraído da rede temática, os objetivos pedagógicos do projeto e os tópicos de conhecimento por ele ativados. A parte prática é planejada incluindo na matriz as atividades, tarefas, conteúdos programáticos e conceitos integradores de cada disciplina. Esse procedimento se repete a cada novo projeto, e ao longo do desenvolvimento do projeto o planejamento vai sendo atualizado nos encontros de formação, que incluem ainda outros estudos além do planejamento mensal. A inclusão da nova escola de Educação do Campo (Caiçara) da Vila do Abraão na Ilha Grande, com Ensino Médio, em 2022, implica repetir nestas comunidades as etapas iniciais de construção curricular, isto é, o diagnóstico sociocultural (FOFA, questionários e cartografia social.), a elaboração da rede temática e os projetos pedagógicos. Este é o ciclo da metodologia adotada pelo Programa de Extensão: Escolas do Território, no conjunto de escolas e segmentos atendidos pelos Projetos aqui oferecidos. A avaliação é feita nos próprios encontros mensais de Formação pela equipe de professores e coordenadores das Secretarias.
Resumo
O programa é um conjunto de ações extensionistas articuladas com Ensino e Pesquisa, que visam colaborar na implementação de políticas públicas de Educação Diferenciada, voltada a comunidades tradicionais do Sul Fluminense, através da habilitação em Magistério Indígena; a produção de material didático bilingue, com jovens Guarani do Rio de Janeiro, junto a SEEDUC-RJ; e de políticas públicas de educação escolar caiçara e quilombola com a Secretaria Municipal de Educação - Paraty, com o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), e outros parceiros institucionais. O papel do IEAR/UFF através do Programa tem sido o de formação continuada dos professores na implantação de um movimento de reorientação curricular, visando a construção de uma educação diferenciada que considere a valorização dos saberes populares e a defesa do território tradicional, para a permanência dos povos tradcionais neles. Iniciado em 2016, o Programa agrupou-se com os outros projetos de educação escolar quilombola e indígena desenvolvidos pelo IEAR no denominado Programa: Escolas do Território. A proposta do acompanhamento pedagógico foi ampliando os processos de formação docente na construção de currículos integrados e diferenciados e propugnando estratégias para dar sustentabilidade ao modelo de educação diferenciada como política permanente nas escolas já implantadas e expandindo o modelo para a abertura de novas turmas e escolas nas comunidades tradicionais de Paraty, a partir das demandas apresentadas em 2020 e 2021. Em 2021 foi iniciado o projeto de Educação do Campo passando a atender também a Escola Estadual Brigadeiro Nóbrega, de Ensino Médio, na Vila do Abraão, Ilha Grande, Angra/RJ.