Coordenador : Claudio Medeiros
Ano: 2024
Edital: UFF/PROEX - Fluxo Contínuo 2024
Protocolo: 408577.2247.357076.31072024
Departamento/Setor: SFC
Área Temática : Cultura
Tipo: Projeto
Local de atuação: Na Tenda do Campus antigo, e posteriormente no Galpão Cultural na ocasião de sua inauguração.
Objetivo
1.Pautar, na prática da ritualização das relações que fazem uma escola de capoeira de tradição de Angola, o significado de preservar a existência dos barracões como instituições que equivalem a centros de preservação do patrimônio imaterial da matriz bantu. 2.Lecionar, a partir das cantigas, louvações e ladainhas, um conceito de liberdade que se apresenta como uma alegoria ou uma estética, e um direito à cidadania compreendido como um ritmo frenético de mobilidade. 3.Promover uma noção de igualdade concretizada na manufatura de um território dedicado a possibilitar a sociabilidade de pessoas negras, para as pessoas negras, e entre as pessoas negras da nossa comunidade universitária. 4.Praticar, através do embalo pela ginga e da sequência dos movimentos uma ideia de cuidado e individualidade entendidas como desfazimento dos agenciamentos de um corpo disciplinado para o abandono, e em seu lugar transformar a performance do improviso em uma técnica de criação e exercício de si. 5.Estudar a cosmologia e a ontologia bantu através da gramática dos tambores, estudar a síncope dos ritmos como princípios dinâmicos que canalizam a energia vital dos nossos rituais de convívio. 6.Entender o jogo chamado-resposta entre bateria e coro como alegoria de uma experimentação política. 7.Praticar a manha, a malícia e a mandinga como tecnologias que permitem que o corpo dançante seja oportunamente um corpo lutador, e vice-versa, de modo a elaborar uma autodefesa amparada na inteligência para impor um ritmo ao adversário, amarrar o adversário dentro do ritmo, seduzi-lo a ponto de anular suas intenções por torna-lo previsível.
Resumo
O projeto de extensão é resultado de uma colaboração entre a ECAIG-RJ (Escola de Capoeira Angola Irmãos Gêmeos de Mestre Curió), sob a supervisão, no Rio de Janeiro, do Contramestre Perversidade, e o Laboratório Máquinas de Tempo (Cnpq), coordenado pelo professor Claudio Medeiros. A parceria interinstitucional ocorre norteada pela correspondência de objetivos e horizontes compartilhados por ambos: o patrimônio imaterial bantu das afrografias da memória e a tradição dos tambores formam um pensamento independente daqueles acontecimentos puramente conceituais que, recorrentemente, caracterizam as leis de inteligibilidade do sistema universitário de ensino; as tecnologias e saberes inalienáveis que organizam a dramatização das tradições de Angola podem, por sua vez, na aliança com estruturas e formalidades acadêmicas institucionais, ajudar a garantir para os barracões e mestres populares um reconhecimento historicamente inviabilizado pelo racismo. Nosso projeto busca garantir quinzenalmente, para discentes, técnicos e docentes da UFF/Campos, oficinais, aulas e rodas dedicadas à experimentação introdutória com as vivências do sistema cultural de ensino e prática da Capoeira Angola.